Colcha de retalhos cultural

Roberta Ristori 2 07:54

É, sei que falo muito de Siena. Me desculpem, meus queridos leitores se isso começa a tornar-se um tanto repetitivo, mas além de declarar mais uma vez meu imenso amor por aquela cidade, trata-se do local da Toscana onde vivi algumas das experiências mais marcantes até hoje.

Como contei no post da última sexta-feira, passei ali cerca de 40 dias, em dois dos verões mais belos  da minha vida, para estudar italiano e cultura na Università per Stranieri di Siena, com o patrocínio da Regione Toscana.

Além de outras muitas lembranças maravilhosas que guardarei para sempre dentro de mim, divido com vocês uma experiência fascinante que pode ser repetida por qualquer um, o encanto de estudar em uma "Universidade para Estrangeiros".

Já no primeiro dia de aula fiquei intrigada com a diversidade de pessoas na minha classe. Não apenas em relação as diversas nações de proveniência, mas também de "tipos", roupas, "formatos" e idades.

O ator eslovaco, de quarenta e poucos anos - um "gentleman" indefectível e dono de um senso de humor sensacional; a doce menina mulçumana do Uzbequistão que emocionou a todos contando sua visão peculiar sobre casamento e sua naturalidade ao falar sobre o  direito do marido de punir a mulher fisicamente; as japonesinhas simpáticas que vestiram lindos quimonos para dividir conosco um pouquinho de sua colorida cultura, a freira da Tanzânia com seu hábito azul e outras tantas figuras queridas e cheias de peculiaridades.

Maravilhoso e enriquecedor poder conhecer fragmentos e minúcias de outras culturas tão diferentes da nossa. Poucas coisas até hoje me tocaram em modo tão profundo. Uma oportunidade singular para aprender a conviver com as diferenças e tornar isso ponto de admiração e não de discórdia. Admirar a beleza contida em cada nação, em cada gesto e costume.

Aí a língua destrava e não existe mais a vergonha de falar errado, não importam as diferenças de idade, muito menos as culturais. O importante é comunicar, compartilhar. Um dia, deslumbrados com aquele cenário multi-étnico que se descortinava diante de nós,  organizamos um jantar na casa de uma querida amiga equatoriana, em que cada um deveria levar um prato típico do seu país.

Sushis, bananas fritas com molho de queijo, rolinhos primavera no estilo vietnamita (sim tínhamos uma representante de lá entre nós!), crepes franceses legítimos e tantos outros recortes da imensa colcha de retalhos da gastronomia internacional, conviveram harmoniosamente.

Nós, como bons brasileiros (éramos quatro na mesma classe), hospedados em um hotel e sem ter como cozinhar, improvisamos uma caipirinha. Não ficou excelente, mas arrancou aplausos e foi o suficiente para deixar o apartamento inteiro em clima de festa. Nunca mais esqueceram nossa "iguaria", embora jamais tenham conseguido falar "caipirinha"!

*Aproveito para desejar a todos um delicioso feriado de 07 de setembro!! Aproveitem muito e quarta-feira, 08 estou de volta ao blog!




2 comentários

Adorei o relato. Quando cheguei na Suíça, também fiquei maravilhada com a diversidade cultural. Podemos aprender muito com isso, principalmente em ser pessoas melhores e mais tolerantes ;)

= ) Pois é Clarissa, também acho que esse é o ponto forte de toda essa experiência - aprender a conviver com as diferenças e nos tornarmos seres humanos melhores, mais conscientes da nossa pequeneza diante da enormidade do mundo e da diversidade!
Ah, adorei a enquete do Viagem e Viagens, já passei lá para votar!
Beijo!

Busca

Translate

GPT na rede

Favoritos

Arquivo do Giro

Seguidores